terça-feira, 17 de abril de 2012

O telefone dela toca,

 e uma voz quase falhando responde:
— Eu não tenho.. muito tempo.. por favor, não desligue.. Eu.. preciso que me escute. (a voz quase não se ouvia)
— Quem é que está falando? (ela já nem reconhecia sua voz, fazia tanto tempo que não o via)
— Aquele que tanto te maguou.
— Ah… você.. O que você quer?
— Olha, não fala nada, só me escuta.. Durante aquele tempo todo que estivemos juntos você sempre, sempre mesmo esteve do meu lado, em todas as ocasiões, e até nos momentos mais difíceis da minha vida… e eu não valorizei. Eu fui um burro, me deixei levar pelo que meus amigos diziam, e o que eles achavam sempre importou pra mim. Me perdoa, pelo amor de Deus, eu te peço me perdoa. Eu agora vi, que estava errado… estou eu aqui… na cama de um hospital, e meus amigos? Não vi nenhum, faz 3 dias que ninguém vem me visitar, eu sei que vou morrer… descobri que tenho câncer, até meus pais desistiram de mim (a voz era quase inaudível)… e eu sinto sua falta, e é muita. Antes de morrer, eu só lhe peço me perdoe, por favor, eu não quis te magoar, não quis desprezar você, e mesmo assim, o fiz… me perdoe pelas vezes que mandei você sumir da minha frente, ou das vezes que zombava de você com meus amigos… Me perdoe até por aquele dia na festa, sabe? Aquele dia que você pôs um ponto final na “nossa história”… Ei, aquele dia você estava linda, me recordo muito bem sua roupa, e você estava muito cheirosa… que droga! Eu te expulsei da minha vida, sem dó nem piedade, te humilhei, e sei o quanto isso doeu em você, porque hoje, dói em mim também. (ele se esforçava ao máximo pra dizer aquelas palavras)
— …
— Você ainda está aí?
— Es…tou. (ela tentava engolir o choro, mais era quase impossível)
— Eu sei que vai ser muito difícil me perdoar… e se não quiser eu intendo. Eu só… queria morrer em paz. Eu agora vejo, o quanto você é especial… Eu sei que já disse o contrário, me perdoe! Te humilhei, desprezei, pizei em você, e mesmo assim, você dizia sempre “euteamo”… ah como lembrar isso dói.. dói muito. Por favor… me dê seu último perdão, eu lhe imploro. (ele soluçava..) Eu… eu…… te amo..
— Eu não sei o que te dizer.
— Por favor, eu só preciso do seu perdão pra ficar em paz comigo mesmo…
— Sabe, vou ser bem sincera… (com uma voz bem baixinha, quase sumindo) Você me deixo bastante magoada, aos pedaços melhor dizendo. Você fez com que me tornasse uma pessoa fria, sem sentimentos e que só pensa em si própria. Não me culpe, por favor mas não sei se sou boa o bastante pra te perdoar. Não sei se sou boa o bastante pra seguir em frente sem mágoas, sem rancor, sem esse ódio que carrego no meu peito. (ela começa a chorar e falava com muita dificuldade) Eu… Eu sempre… sempre te amei.
(fica um silêncio no telefone)
— Ei, você… Ainda está aí? Eu te perdoo, mesmo por tudo que você fez. Você mostrou estar arrependido, por favor. Não me deixe falando sozinha.
Após algumas horas, ela fica sabendo o motivo dele não ter respondido. Ele morreu, após ouvir tais palavras que o magoaram muito. E ela? Se arrepende amargamente de não ter ficado ao lado dele quando mais precisava.”

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